sábado, 24 de abril de 2010

Limoeiro: Líder comunitário é executado em Tomé.

Zé Maria do Tomé foi executado com 18 tiros de pistola ponto 40 e um de calibre 12.
Notícia Postada em 21/04/2010 pela TVJaguar

Nesta quarta feira por volta das 15h15, informações de populares ligaram para 4ª Companhia, informaram que na estrada que liga Limoeiro do Norte, ao sitio Tomé, a aproximadamente 01 KM do aeroporto da Chapada do Apodi e aproximadamente 5 km da sede do município, havia um corpo de um homem caído ao solo, com uma moto ao lado e que a vitima apresentava varias perfurações, aparentemente por arma de fogo.

De posse das informações, a equipe do GPM de Tomé, na viatura de placa NQU-2101, composta pelos cabos 15.596 Reginaldo Araújo da Silva, Valderi Nogueira Costa e o soldado Ozéias Moura dos REIS, se deslocaram ao ponto informado e constataram o fato. A área do crime foi isolada até a chegada da perícia, a qual foi realizada pelo perito Marcos, que constatou no corpo da vitima cerca de 18 (dezoito perfurações de Pistola .40 e uma de Calibre-12), indicando ainda que, todos os disparos atingiram a vitima do tórax para a cabeça.

Após o trabalho pericial, o corpo da Vitima foi recolhido pelo rabecão para ser levado ao IML de Quixeramobim, onde será realizado o exame cadavérico.

A vitima:
A policia identificou que a vitima era o comerciante e líder comunitário na chapada do apodi de nome e trafegava em uma Moto Broz de cor vermelha ano 2009 e Placa NRD – 5247. José Maria Filho tinha 42 anos de idade. Ele era filho de José Bernardo Filho e Maria Leonor de Jesus. Na comunidade do Tomé onde residia ele era conhecido como Zé Maria do Tomé e se destacou na chapada na luta por terras para os pequenos agricultores, a aplicação dos agrotóxicos através de aeronaves e a luta para acabar com as casas de taipa. Ele era filho de José Bernardo Filho e Maria Leonor de Jesus.

A policia militar realizou ronda na área do crime mais não consegui informações que leve ao autor do crime.

Celebrado o ultimo adeus a Zé Maria do Tomé.
Notícia Postada em 22/04/2010 pela TVJaguar

O distrito de Tomé, em Quixeré, parou para velar o corpo do líder comunitário Zé Maria o conhecido Zé Maria do Tomé. Ele foi assassinado na tarde da última quarta-feira (21) quando trafegava em sua moto em uma estrada carroçal próximo ao aeroporto na chapada do Apodi.
Na tarde de quinta-feira foi celebrada uma missa de corpo presente pelo Bispo Diocesano Dom José Haringe e auxiliada pelos Padres Junior, Alessandro e Monte Alverne, que foi acompanhada por moradores, familiares e liderança políticas, comunitárias e de entidades de movimentos sociais.

Zé Maria era presidente da Associação Comunitária São João do Tome, presidente da Associação dos Desapropriados de Trabalhadores Rurais Sem Terra - Chapada do Apodi e liderava o movimento social contra a pulverização aérea dos agrotóxicos no perímetro irrigado. Ele era filho da comunidade do Sitio Tomé em que parte pertence a Quixeré e outra a Limoeiro do Norte.

Compreendendo a importância e a justeza das causas abraçadas pelo companheiro os movimentos e instituições sociais como: Caritas Diocesana de limoeiro do norte, Núcleo Tramas - Universidade Federal do Ceará, RENAP - Rede Nacional de Advogados Populares, MAB - Movimento dos Atingidos por Barragem, CPT - Comissão Pastoral da Terra - Diocese de Limoeiro do Norte, Pastorais Sociais - Diocese de Limoeiro do Norte, MST - Movimento dos Talhadores Sem-terra, FAFIDAM - Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos, Familiar e amigos compareceram para prestar solidariedade à família e consequentemente levar o ultimo adeus ao bravo militante das causas sociais na Chapada. Após a celebração o cortejo seguiu em direção ao cemitério São João batista onde o corpo foi sepultado.
Os movimentos sociais lançaram uma nota que segue:

UM GRITO DE DENÚNCIA, UMA NOTA CONTRA A VIOLÊNCIA: JUSTIÇA AO COMPANHEIRO JOSÉ MARIA FILHO
Um crime provoca indignação e perplexidade: o assassinato de Zé Maria, 44 anos, ocorrido neste dia 21 de abril de 2010. Ele era presidente da Associação Comunitária São João do Tomé, presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra – Chapada do Apodi, liderança do movimento social – filho da comunidade do Sítio Tomé  - Limoeiro do Norte – CE,.   As razões do assassinato se encontram no bojo dos conflitos provocados pela presença do agrohidronegócio, instalado em meados da década de 1990 na região jaguaribana.  Esses conflitos trouxeram uma realidade de profundas injustiças sociais para a nossa região. A comunidade de Tomé bem como outras que se localizam na Chapada do Apodi sofrem o descaso e o desrespeito dos órgãos públicos e a irresponsabilidade das grandes empresas que se fixaram na Chapada e que atentam contra o meio ambiente e a saúde da coletividade.
Desde o início, Zé Maria  se envolveu nas diferentes lutas contra essas injustiças, estando presente  no Grito dos Excluídos, no Fórum Regional e seminários contra os Agrotóxicos, discutindo a problemática do uso da água. Sua voz ecoou em todo o Vale do Jaguaribe através das emissoras de rádio denunciando as violações dos direitos humanos que vitimam as comunidades da Chapada do Apodi. 
            Sua solidariedade inconteste o impulsionava ao debate e a denúncia cotidiana. Assumindo a defesa dos interesses coletivos, o bravo companheiro levou a todos os locais e momentos significativos das lutas os problemas dos trabalhadores rurais sem terra da Chapada do Apodí, as angústias e incertezas de centenas de famílias que recebem água contaminada e os infortúnios de dezenas de famílias que moram em casa de taipa na Comunidade do Tomé.
            Este envolvimento o fez vítima. Vítima de quem? De que? Vítima dos conflitos (terra, água, agrotóxico) gerados pelo modelo de desenvolvimento do agrohidronegó cio e, também, da inoperância e da negligência dos poderes públicos em solucionar esses conflitos.       
Nos capítulos de nossa história muitos foram os/as companheiros/ as que tombaram vítimas da expansão do agronegócio, da ganância desenfreada dos senhores do capital e da virulência social dos poderosos. Dentre eles/elas podemos citar o ecossocialista Chico Mendes, Pe. Josimo defensor da reforma agrária, a sindicalista Margarida Alves e a missionária Ir. Dorothy Stang.  Seja com o seu exemplo de vida, seja na forma como lhe ceifaram a vida, Zé Maria assemelha-se a todos/as eles/as. E assim como a luta e a memória dos bravos lutadores não foram apagadas com a violência perpetrada por seus assassinos, também não serão esquecidos os teus gritos contra o agrotóxico, a tua defesa pela vida. É na Campanha da Fraternidade deste ano de 2010 que nos inspiramos para continuar a defesa dos direitos humanos, atentando para o ensinamento de Jesus: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro ( Mt. 6, 24).
É com essa determinação que os movimentos e instituições que assinam esta nota vêm a público se solidarizar com a família do companheiro e com toda a Comunidade do Sítio Tomé, repudiar todas as formas de violência, exigir a apuração rigorosa do crime e a punição dos culpados. 
 
            Limoeiro do Norte, 21 de abril de 2010.
   
A nota traz o respaldo oficial das seguintes entidades:

CÁRITAS DIOCESANA DE LIMOEIRO DO NORTE
NÚCLEO TRAMAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
RENAPE – REDE NACIONAL DE ADVOGADO POPULAR
MAB – MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGEM
CPT – COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – DIOCESE DE L. DO NORTE
PASTORAIS SOCIAIS – DIOCESE DE LIMOEIRO DO NORTE
MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM-TERRA
FAFIDAM – FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELIANO MATOS.


As instituições que assinaram o manifesto, vão solicitar ao ministério público que a investigação seja feito pela policia federal, para que possa haver maior rigor e isenção na investigação. 

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